
Com que direito você chega assim sem avisar?
Mudando tudo de lugar e sem ao menos se importar me levou a velejar no seu barco em alto mar.
Quem é você que fala manso, que me beija sem parar, que das minhas mãos não quer soltar?
Quem é você que me olha sem piscar e que fala a quem quiser escutar que sou o que tu estavas a procurar?
Como assim que agora você se alojou aqui, bem aqui, nesse lugar inabilitado, cheio de teias mas que você insiste em instalar suas meias, sua escova, seu perfume, seu modo de falar e seu lugar para deitar.
Por que eu não consigo te freiar? Nem deixar você partir sem antes me levar?
Pare já com tudo isso! Você quer me machucar? Nessas histórias virei perita. Dessa vez não vai rolar.
Você diz que não, que é pra valer, eu digo que tenho medo, você me beija, tira minha roupa, vejo o sol nascer, e você ainda está ali, no lugar que escolheu pra viver.
Vi tanta gente partir antes do dia começar que por vezes acredito que você também se vá.
Você acorda, me abraça forte, como se eu quem fosse fugir e então percebo que todos os caminhos tortos que passei me levaram pra perto de ti.
Já decorei seu cheiro, seu beijo, seu ritmo e conheço a geografia do seu corpo. Quero habitar em ti e quero que tu habites em mim.
Quero sentir seu gosto e quero fundir seu corpo ao meu, so assim terei você por milênios, bem aqui, no nosso lugar de sempre. Pra sempre.